terça-feira, 5 de abril de 2011

noite quente. duas lágrimas sentidas escorrendo pela face. no cd player uma música triste se repetia e forever and ever ela soluçava encarando o teto do quarto. e pensava se ia começar tudo de novo: novas esperanças, ciranda de pequenas doces alegrias, paz. tudo brutalmente arrancado após sucessivas decepções. o soluço ela tentava estrangular. inútil mostrar para o mundo a dor que era dela só. o visor do celular acusando as horas de sono perdidas naquela luta insana contra as agonias do corpo. ela feito um quixote lutando contra moinhos de desespero e dor. completamente solitária, não fossem os papeis, canetas e uns fiapos de lucidez linguística. sabia que a loucura estava à espreita. mas enquanto pudesse escrever sobre essa dor estaria salva. porque a loucura é quando a sintaxe está a serviço de uma semântica toda peculiar. e ela ainda não dava bom dia aos cavalos. seu resto de sanidade feito uma tocha nas mãos de uma criança em plena rua escura. no meio da noite, quando a exaustão vencia o corpo, ela finalmente repousava. por alguns instantes.